Impactos da mineração e solução para água são temas de sabatina de Bruno Teixeira na Real FM e Jornal Geraes

Impactos da mineração e solução para água são temas de sabatina de Bruno Teixeira na Real FM e Jornal Geraes

Nesta sexta-feira (20), os estúdios da Real FM receberam o candidato à Prefeitura de Mariana Bruno Teixeira (PSTU). A sabatina, feita em parceria com o Jornal Geraes, abordou os temas que pautam a vida do marianense e conduzem o debate político na Primaz de Minas.

Nas respostas de Teixeira, ficou claro a sua indignação com a maneira em que a mineração é conduzida do município, assim como a forma que o município enxerga a falta de água, que se tornou uma realidade do morador de Mariana.

A ESTRUTURA DA SABATINA DA RÁDIO REAL

A sabatina seguiu um formato padronizado, com perguntas feitas a todos os candidatos, visando garantir um espaço justo e democrático. Os questionamentos abordaram aspectos essenciais de Ouro Preto, como preservação do patrimônio histórico e o abastecimento de água, um dos temas mais críticos para a cidade.

Após as perguntas padronizadas, os jornalistas tiveram a liberdade de fazer perguntas adicionais, com um minuto para formulá-las, enquanto o candidato teve dois minutos para responder. No entanto, o formato é flexível, permitindo que o candidato explore suas respostas sem pressa, mas respeitando o limite total de 60 minutos.

Abaixo, trazemos as transcrições das respostas de Bruno Teixeira às perguntas padronizadas, que serão disponibilizadas em detalhes em reportagens individuais, publicadas logo após cada sabatina.

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AS RESPOSTAS DE BRUNO TEIXEIRA SOBRE AS QUESTÕES DE MARIANA:

Pergunta do Jornal Geraes/ Rádio Real: MUITOS BAIRROS DE MARIANA PADECEM COM A FALTA DE ÁGUA. COMO RESOLVER ISSO. O SAAE É O CAMINHO?

Resposta Bruno Teixeira: “O problema do SAAE é que virou um cabide de emprego, porque ele não teve a autonomia que uma autarquia deveria ter. Então, por que o SAAE de Itabirito funciona? Por que o SAAE de Viçosa funciona? Porque não tem interferência política dentro do seu funcionamento. E como ele nunca foi estruturado para trabalhar dessa forma, aí virou o que virou, né? Um cargo de indicação política, vereador que manda, enfim, refletiu nisso. O SAAE, na nossa opinião, é a saída, porque a outra saída, sem ser o SAAE, é a privatização, e a privatização só empobrece e coloca um direito como mercadoria.

Mas o que acontece no processo de privatização? Isso é pensado pelos governantes, né? Isso está acontecendo na Copasa, isso está acontecendo na Cemig, ou aconteceu na Vale quando foi privatizada, na CSN… Enfim, é pensado em desestruturar, desarticular todo o serviço público para criar, na consciência da população, a ideia de que é necessário privatizar, porque é melhor pagar do que não ter um serviço de qualidade. E, quando é privatizado, a partir desse consentimento criado na cabeça das pessoas, elas começam a entender e a perceber: ‘Pera aí, continua faltando água, a água continua chegando contaminada.’

Como foi a privatização no Rio de Janeiro? Aumenta o custo de vida, porque a partir daí você tem que começar a pagar pela sua água, mas isso não garante a qualidade, basta ter água. O objetivo é ter lucro com aquilo, e muito lucro. Então, a não existência do SAAE significa privatização, e o PSTU se coloca absolutamente contra isso.”

Pergunta do Jornal Geraes/ Rádio Real:  A HISTÓRIA RECENTE DE MARIANA TEM A MINERAÇÃO COMO PROTAGONISTA. PORÉM, COMO IMAGINAR O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO PARA ALÉM DO MINÉRIO?

Resposta Bruno Teixeira: “Eu acho que tem que ter alguns elementos. A gente não explora bem o turismo em Mariana. Além do turismo das próprias obras artísticas, do turismo religioso, dos casarões antigos, a gente tem que explorar mais o ecoturismo. E como que a gente explora o ecoturismo? Dando condições para que o turista vá nessas regiões de cachoeiras, de matas preservadas e tal, valorizando a cultura dos nossos distritos. Nosso distrito também é rico de cultura, assim como é rica a história de Mariana. Valorizando isso para poder receber os turistas, né? Estava conversando com o pessoal de Camargos. Falamos: ‘Pô, Camargos tem potencial para ser o que São Bartolomeu representa para Ouro Preto.’ Mas não tem ônibus público, nem transporte público.

Então, assim, eu acho que tem que fazer uma indústria do turismo mesmo, né? Pensar o turismo como uma indústria de geração de empregos em Mariana. Além disso, né, se fala muito em parque industrial, distrito industrial em Mariana, mas também nunca saiu do papel. Olha, a mineração precisa de insumos, de produção de peças. Por que a gente não produz essas peças aqui em Mariana e gera condição de trabalho, né? O território de Mariana é amplo. É possível ter diversificação econômica dentro do que a gente tem. Eu acho que explorar também a questão do trabalhador do campo, que hoje está abandonado numa cidade como Mariana, que tem produção rural, e a gente poderia produzir, explorar mais isso, né? A gente não está falando de agronegócio, mas de agroecologia, de agronomia familiar, para poder garantir também que isso faça parte, que seja uma parte relevante da economia da nossa cidade.”

Pergunta do Jornal Geraes/ Rádio Real: NÃO TEM COMO FALAR DE MARIANA SEM FALAR DA POPULAÇÃO FLUTUANTE. ESTIMA-SE QUE ESTE CONTINGENTE ESTÁ ENTRE 20 E 30 MIL PESSOAS. QUAIS SÃO OS CAMINHOS PARA MITIGAR OS PROBLEMAS CAUSADOS POR ISSO?

Resposta Bruno Teixeira: “Olha, essa vinda de pessoas para Mariana obviamente foi pensada lá atrás, quando foi feito o acordo da reconstrução do novo Bento e de Paracatu. Então, desde lá, a prefeitura tinha que ter colocado as condições, e ela tinha autonomia para isso. Desde lá, a prefeitura tinha que dizer: ‘Olha, vocês vão trazer trabalhadores de fora? Primeiro, tem que criar condições para receber esses trabalhadores aqui.’ A empresa estatal tinha a obrigação de promover o desenvolvimento social nos lugares onde estava instalada. Mariana tinha dois bairros que foram construídos pela Fundação Vale. A partir da privatização, não existe mais essa obrigação, mas o acordo que foi feito após a tragédia de Mariana, o crime da Samarco, tinha que prever: ‘Vocês vão trazer trabalhadores de fora? Então, tem que construir alojamentos com condições de qualidade para acomodá-los.’

Hoje, Mariana tem centenas de alojamentos com condições ruins de vida para esses trabalhadores, com salários muito rebaixados, porque não houve o cuidado do poder público de entender que a circulação da economia dentro da cidade iria passar por isso, o que aumentaria os custos. Como mitigar isso? A gente tem que sentar e exigir. Não é conversar, tem que exigir. Por que o PSTU fala em exigir? Porque, para Mariana, é simples: a mineração depende de Mariana, não é Mariana que depende da mineração. A gente coloca isso muito claro, porque o minério está aqui. O minério está em Mariana. O minério está em Ouro Preto. Enquanto a gente estiver carregando o pires para a mineração, pedindo, pedindo, pedindo bênção para a mineração, estamos numa relação errada, porque o minério é nosso. O minério é da União, que permite que eles explorem para ter lucro.

Então, é essa relação de negociação que vai ter em uma eventual gestão do PSTU com a mineração: ‘Olha, já está acontecendo.’ Mitigar o que já está acontecendo é difícil, mas é preciso. ‘Espera aí, vamos parar um pouco e pensar. Dá para fazer alojamentos? Dá para construir?’ O impacto populacional também afetou o abastecimento de água, e a mineração precisa compensar a cidade por isso. Aumentou, inflacionou a questão dos aluguéis. Uma casa que antes era alugada por um salário mínimo hoje, pelo mercado, custa R$ 7.000, porque as empresas têm condições de pagar isso. E o próprio pessoal que foi retirado de suas casas na Vila Antônio Pereira, a Vale alugou casas em Mariana, pagando hotéis. Isso também ajuda a inflacionar.

Então, essa relação com a mineração, que vem desde a outra pergunta, acarreta os principais problemas sociais de Mariana. Enquanto houver essa relação de subserviência, de carregar o pires para a mineração, essas coisas não vão mudar.”

O próximo candidato à Prefeitura de Mariana a passar pela Sabatina da Real será Roberto Rodrigues, na próxima terça-feira (24). Na segunda, Du Evangelista, concorrente ao cargo em Ouro Preto será entrevistado.

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