O atletismo paralímpico brasileiro é campeão geral do Mundial de Atletismo Paralímpico pela primeira vez na história. Com 50 esportistas na delegação, 100% deles apoiados pelo Bolsa Atleta do Governo do Brasil, a equipe nacional encerrou a competição ontem (05), com 15 ouros, 20 pratas e nove bronzes, um total de 44 medalhas, em Nova Déli, na Índia.
O resultado deixou para trás a maior potência da modalidade, a China, que fechou a participação com mais medalhas, 52, mas subiu menos ao topo do pódio: 13 vezes.
Nas últimas três edições (Kobe 2024, Paris 2023 e Dubai 2019), o Brasil tinha terminado na segunda colocação. O resultado do Brasil na Índia foi melhor que a campanha nacional nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 (36 medalhas e dez ouros). Com o feito inédito, o Brasil acumula agora 348 medalhas na história dos mundiais de atletismo paralímpico: 122 ouros, 110 pratas e 116 bronzes.
Leia também:
“Quebramos o recorde de número de medalhas de ouro e o número total de medalhas dos Jogos Paralímpicos de Paris. Esse primeiro ano do ciclo para Los Angeles mostra que o Brasil vem muito forte. Oito atletas estrearam em Nova Déli e fizeram excelentes marcas, com recordes mundiais”, disse Yohansson Nascimento, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e chefe da Missão na Índia.
Os brasileiros subiram ao pódio em todos os dias da competição em Nova Déli, que teve início em 27 de setembro, e lideraram o quadro geral ao longo de toda a disputa. Só neste domingo, último dia de provas, foram seis pódios, sendo três ouros, uma prata e dois bronzes.
Os 50 atletas brasileiros em Déli são naturais de 18 estados (SP, RJ, MG, ES, RS, SC, PR, MS, PE, BA, RN, PB, PA, PI, MA, AC, RO e AP). Segundo Yohansson, a pluralidade é resultado de investimentos descentralizados. “É um trabalho que o CPB vem desenvolvendo desde a iniciação ao alto rendimento, com festivais paralímpicos em 120 cidades, atendendo mais de 40 mil crianças só nas edições deste ano”, celebra.
Ontem (05), a acreana Jerusa Geber conquistou a segunda medalha de ouro na Índia ao vencer a prova dos 200m T11 (atletas com deficiência visual), com 24s88, o melhor dela na temporada e se tornou a brasileira, entre homens e mulheres, com maior quantidade de pódios na história dos Mundiais. Ela soma 13, sendo sete ouros, cinco pratas e um bronze, superando o recorde que era da mineira Terezinha Guilhermina, com 12 no total. Antes, ela já havia sido a mais rápida nos 100m, pela quarta vez na história.
“Estou muito feliz. Dois objetivos concluídos com sucesso: o tetra nos 100m e sair daqui como a atleta com maior número de medalhas em mundiais. Cheguei e estou saindo sem dor, sem lesão. É claro que quero ir para Los Angeles 2028. Eu quero o penta, o hexa, quero tudo. Até onde aguentar, quero ir”, analisou Jerusa, após a vitória.
Outra brasileira na final, a potiguar Thalita Simplício, ficou com o bronze, com 25s97. Foi a décima medalha da atleta, que também foi tetracampeã nos 400m T11.
A competição também marcou o pentacampeonato mundial nos 100m T47 do velocista paraibano Petrúcio Ferreira, o paralímpico mais rápido do mundo. Ele fechou a prova em Déli com 10s66, numa corrida de recuperação, decidida na foto, dois centésimos à frente do chinês Shi Kangjun e quatro do marroquino Ayamane El Haddaoui.
“O quinto título foi mais difícil que o primeiro. A competitividade e a cobrança que tenho com meu corpo estão cada vez maiores. Estou há 12 anos invicto nessa prova. Isso não é só parte física, é psicológica também”, disse Petrúcio.
Outra marca importante veio com a veterana Beth Gomes. Ela se manteve no topo do lançamento de disco F53 pela quarta vez com a marca de 17,35m, distância bem maior que a segunda colocada, a ucraniana Zoia Ovsill (14,16m) e a terceira, Elena Gorlova, do país neutro (13,10m). A lançadora de Santos (SP) é a atual recordista mundial da prova, com 18,48m.
“É um campeonato que vai ficar marcado na minha vida, conquistando o tetra. Só tenho gratidão por todos que estão à minha volta, aos treinadores, à minha equipe multidisciplinar”, celebrou.
Atualmente, o programa Bolsa Atleta, do Governo do Brasil, patrocina 1002 esportistas do atletismo paralímpico, nas modalidades estudantil, nacional, paralímpico e pódio.
Quer ficar por dentro das principais notícias da Região dos Inconfidentes e de Minas Gerais? Então, siga o Jornal Geraes nas redes sociais. Estamos no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!

Estudante de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto e estagiária no Jornal Geraes e na Rádio Real FM.

[…] Brasil é campeão do Mundial de Atletismo Paralímpico […]