Audiência discute preservação do sítio arqueológico Gogô em Mariana

A preservação do sítio arqueológico Gogô, também conhecido como Parque Arqueológico do Morro Santana, foi o tema central de uma audiência pública realizada na noite de quinta-feira (5), no salão comunitário do bairro Morro Santana, em Mariana. Organizado pela Câmara Municipal, o encontro reuniu moradores, pesquisadores, autoridades e representantes da iniciativa privada e da Prefeitura, que discutiram o abandono da área e as possibilidades de proteção do local.

Durante o debate, a arqueóloga Alenice Baeta defendeu a importância histórica do sítio arqueológico Gogô e afirmou que o lugar precisa de mais atenção do poder público. “É o sítio mais importante de Minas Gerais e ele merece respeito e cuidado porque tem estruturas que não existem em nenhum outro lugar do estado”, destacou.

A área está tombada provisoriamente desde 2008, mas enfrenta problemas como invasões, desabamentos e uso irregular de materiais. O sítio contém vestígios da mineração do século XVIII, estruturas associadas ao trabalho escravo e à formação de Mariana, considerada a primeira vila, cidade e capital de Minas.

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Moradores do bairro e pesquisadores cobraram a criação de um plano de preservação e gestão do espaço. O professor Eduardo Campos lembrou que a população precisa de segurança. “Esse sítio é o único resquício que temos da fundação de Mariana e está extremamente ameaçado. Minas Gerais corre o risco de perder esse patrimônio, que poderia ser um diferencial pro turismo”, afirmou.

A Prefeitura, por meio da Procuradoria Municipal, alegou que tem limitações legais para intervir, já que o terreno é particular, pertencente à Mina da Passagem, cujo proprietário Roberto Rodrigues, informou que está aberto a colaborar com o andamento do processo.

O vereador Ronaldo Bento explicou que, como o subsolo da área é mineral, o custo de uma eventual desapropriação seria muito alto. Já o proprietário do terreno, o ex-prefeito Roberto Rodrigues, criticou a falta de ações efetivas do poder público ao longo dos anos. “Nunca houve vontade política de fazer sítio nenhum”, disse.

Também foi discutida a necessidade de proteção das pessoas que circulam na região. O professor Leandro H. dos Santos relatou que já houve acidentes, incluindo a morte de um adolescente. “A vida é o nosso maior patrimônio. A principal preocupação é preservar vidas e depois o patrimônio histórico”, afirmou.

Como encaminhamento, a Câmara informou que promoverá reuniões técnicas com a Prefeitura, o proprietário e especialistas para discutir propostas de uso do espaço. Representando a Comissão de Educação e Cultura da Câmara, o vereador Ítalo de Majelinha defendeu o diálogo: “Precisamos tratar da preservação onde temos história. Mapear, dialogar com todos, construir pontes”.

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