O Festival Comunitário de Mariana- Festeco, um dos maiores festivais de teatro da região, acontece a partir do próximo domingo (22). Organizado pela Associação Cultural Caminho do Sol, alunos da escola João Ramos Filho, e o Movimento TT1, o evento promove 45 espetáculos teatrais por toda a cidade, com companhias do Brasil todo. A celebração da arte popular conta com uma fase estudantil, com programação infantil e a fase nacional, para todos os públicos. Todos os espetáculos são com entrada gratuita.
Da sala de aula, os espetáculos ganharam primeiro as ruas e posteriormente os palcos da Primaz de Minas. Com o tempo e graças a participação dos artistas, passou a receber peças de outros lugares, ganhando dimensões de grande festival.
No começo, o Festeco nasceu como um evento regional, mas rapidamente ganhou proporção e conta com a participação de mais 400 jovens anualmente, já tendo contado com 5.000 participantes desde seu início. O jornal Geraes conversou com Juliana de Conti, professora e idealizadora do projeto, que destacou que o festival é significativo para a comunidade, pois oferece teatro de qualidade e valoriza a juventude local.
“A associação é formada por jovens que estão no Caminho do Sol, junto com o movimento de hip hop. Essa parceria tem sido muito positiva. Os jovens estão tendo a oportunidade de entender como se organiza um festival e, de certa forma, gerar renda para o futuro”, disse Juliana ao Geraes.
A realizadora destaca o valor dos artistas dos bairros que compõe a Cidade Alta, localidade em que a escola João Ramos está localizada e berço do grupo TT1. “Eu brinco que na Cidade Alta temos muitos artistas. Acredito que, dentro de Mariana, é onde mais se concentra artistas. Infelizmente, ainda não conseguimos ter uma sede própria na Cidade Alta, e eles ensaiam aqui em Passagem de Mariana, no antigo Clube do Sorriso”.
O homenageado deste ano no Festeco em Mariana
O homenageado desta edição do Festeco é Afrânio Geraldo da Silva, uma figura central no teatro de Mariana. Sua carreira começou em 1974, quando participou de sua primeira peça no Cine Cruzeiro, em Passagem de Mariana, sob a direção de Dona Leda Assunção. No final dos anos 70, Afrânio fundou o Grupo Teatral Raízes do Oriente, realizando diversas produções, tanto de peças religiosas quanto comédias, todas escritas e dirigidas por ele. O grupo influenciou muitos jovens a seguirem no teatro.
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Após uma pausa no ano 2000, Afrânio relançou o grupo como Ginsol (Grupo de Integração Solidária), mantendo seu envolvimento com a arte e a comunidade. Ele é homenageado por sua longa e significativa contribuição ao teatro comunitário na região, promovendo a arte e a cultura e deixando um impacto duradouro na comunidade local.
Problemas financeiros dificultam realização do Festeco
O Festeco enfrentou alguns desafios financeiros importantes neste ano. Um dos principais problemas foi a incerteza em relação à obtenção de recursos para realizar o festival. Apesar de o evento ter grande relevância cultural e um impacto positivo na comunidade, o financiamento foi limitado, e os organizadores tiveram que buscar alternativas para viabilizar a edição.
“Arrecadamos alimentos, buscamos patrocínios e realizamos o festival com a ajuda da comunidade, trocando ingresso por alimento. Durante a segunda e a terceira edições, fizemos dessa forma. Depois, veio a pandemia, e adaptamos o festival para o formato online. Durante dois anos, conseguimos um recurso por meio da Lei Aldir Blanc e até premiamos virtualmente. No sexto e no sétimo festivais, fizemos uma parceria com o grupo Osquindô, que emprestou o CNPJ, já que até então não tínhamos um, e realizamos mais duas edições. Esse é o oitavo festival e, mais uma vez, estamos arrecadando alimentos. Agora, provavelmente, conseguiremos um recurso antes do início do festival“, disse Juliana ao Geraes.
Nas últimas edições, o coletivo contou com o apoio do Clube Osquindô, recebendo um repasse de dinheiro público. Contudo, neste ano o evento sofreu com problemas burocráticos e o repasse não chegou.
Juliana de Conti mencionou que o festival contou com um recurso financeiro muito pequeno, o que aumentou a dependência de parcerias com o comércio local, pequenas empresas e doações de pessoas físicas, principalmente por meio da doação de alimentos. Além disso, o festival não cobra ingresso, mantendo o caráter comunitário, o que dificulta ainda mais a geração de receita própria.
Por conta disso, ela pede que a comunidade enxergue o Festeco com a dimensão que ele tem: um grande festival popular, que oferece cultura de qualidade com uma variedade única na região. Os espetáculos acontecem por toda a cidade, com temáticas diferentes e artistas de todo o Brasil.
Confira a programação do Festeco em Mariana:
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.