Na noite do último sábado (29), duas adolescentes profanaram oferendas para Exu e Pomba Gira no centro de Mariana. Os rituais, que foram feitos na frente da casa de um praticante de um Terreiro de Umbanda, foram chutados. Em contato com o dono da ritualística, o jornal Geraes apurou mais detalhes sobre o caso.
O fato aconteceu em um dos principais cartões postais de Mariana: a Praça Minas Gerais. O dono das oferendas, que preferiu não se identificar, relatou que estava descansando, pouco depois das nove horas, quando ouviu um som de vidro se quebrando.
Ao sair para averiguar a rua, notou que as garrafas e os pratos localizados na frente de sua casa estavam quebrados. Ele também conseguiu notar quatro adolescentes correndo. Ao buscar contato com eles, descobriu que dos quatro, duas meninas foram as responsáveis por depredar as oferendas.
ADULTOS TESTEMUNHARAM A PROFANAÇÃO
A testemunha, que também foi a vítima do caso, relatou ao Geraes que dois adultos assistiram a destruição das oferendas. Rapidamente ele conseguiu interpelar as suspeitas, questionando o porquê da atitude.
“Os adultos se aproximaram e um deles questionou sobre minha religião. Expliquei que sou umbandista e que nossa crença também reconhece Cristo, a quem chamamos de Oxalá. Uma adolescente justificou sua ação dizendo que acreditava estar protegendo os moradores do “mal”, ao que respondi que a oferenda era um ato de proteção, não de maldade“, disse ao Geraes.
EXU E POMBA GIRA: ORIXÁS DE PROTEÇÃO
Ademais, o homem fez questão de ressaltar que os orixás evocados no ritual são de proteção, não de maldade. De acordo com ele, o olhar enviesado de muitas religiões para com os ritos de matriz africana emanam o preconceito e a falta de informação.
“Realizo minhas obrigações e oferendas ao orixá Exu, que não é demônio, mas sim um protetor do lar. Por isso, faço as oferendas do lado de fora da minha casa, ao lado do portão. Na oferenda, costumo deixar uma vela de 7 dias e um pouco de bebida“, revelou ao Geraes.
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A consternação da vítima se deu exatamente por terem sido adolescentes que cometeram o ato. Ele afirmou que irá buscar maneiras de conscientizar a população local, buscando interlocução com as outras religiões, para que isso não se repita.
As adolescentes, acompanhadas pelos representantes legais, foram ouvidas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e liberadas mediante termo de compromisso de entrega sob guarda e responsabilidade. A PCMG informou, em nota, que a ocorrência foi recebida pela Central Estadual do Plantão Digital e que o caso está sendo investigado.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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